sexta-feira, maio 03, 2024

O Homem de Hamjadahl - Prólogo

            Quem foi o Homem de Hamjadahl? Essa é uma pergunta clássica feita por jovens e velhos por todos os cantos do planeta e o que essa questão tem de popularidade, tem de complexidade. Para começo de conversa, o Homem de Hamjadahl não é um indivíduo, mas um conceito que engloba todos aqueles que possuem a força de Hamjadahl dentro de si. Para além de comandar uma força de vontade irresistível às intempéries do mundo e aos obstáculos variados que a vida os impõe, os “Homem de Hamjadahl” superam-se a cada segundo de suas vidas; estão sempre se tornando mais fortes, mais intensos e mais sofisticados.

Outro véu que encobre a lenda é sua origem. Ninguém sabe ao certo de onde veio o Homem de Hamjadahl. Pesquisadores pesquisaram e historiadores historiaram, mas indícios de uma infante Hamjadahl nunca foram descobertos. Os únicos artigos acadêmicos de robustez publicados sobre o tema limitaram-se a avaliar os impactos da ideia do Homem de Hamjadahl no homem comum. Parece difícil de acreditar, mas os estudos demonstraram que aqueles crentes na existência do Homem de Hamjadahl experimentam uma diminuição de pelo menos sete por cento nas chances de ter câncer, ansiedade, distúrbios do sono e depressão. Estudos comparativos posteriores apontaram semelhança nos resultados para aqueles que creem fazer parte de um propósito universal.

Muitos já reclamaram o título de Homem de Hamjadahl original. Uma empreitada fraudulenta desde o início dada a modéstia inerente aos praticantes do Caminho de Hamjadahl. Não obstante, alguns foram bem-sucedidos em armar cultos de adoração, templos de pedra e lojas de presentes sob a guisa de genuínas fontes de renda para a perpetuação da lenda. É uma ideia patética, pois os valores hercúleos do Caminho trazem ao conceito de pecúnia uma forma tão pouco hedonista que, pelo contrário, é prejudicial à psique do Homem de Hamjadahl possuir mais que o suficiente para ajudar o próximo. Vertentes diferentes possuem quantificações diferentes para esse mínimo necessário: algumas são mais espirituais e medem pelo valor que um punhado tirado de uma caixa de doação cheia de moedas sortidas faria; outras, mais concretas, trabalham numa fração áurea do salário mínimo. Seja como for, é certo que orçamentar a “perpetuação da lenda” é uma atitude muito distante da essência do Homem de Hamjadahl.

Mesmo com todo o mistério, mesmo com toda a reputação, não há evidência alguma do ideal Hamjadahl. Da mesma forma que podemos apenas imaginar o que acontece depois da morte, os reais contornos do Homem de Hamjadahl pertencem ao reino da imaginação. E qual imaginação poderia conceber uma personificação da lenda? Uma fidedigna recriação do que ascendeu para se tornar o mais famoso experimento consciente desde a palavra?

            Apresento-lhes a história do Homem de Hamjadahl, pelo Homem de Hamjadahl, encontrada, por acaso, por mim.

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